O RD Summit 2025 mais uma vez reuniu os maiores nomes do marketing e vendas em um evento repleto de aprendizados, tendências e reflexões sobre o futuro do setor. Fizemos uma cobertura completa do evento para trazer os insights mais relevantes diretamente para você.
O que você vai encontrar neste artigo:
- Inteligência artificial: os aprendizados mais importantes sobre IA no marketing
- Frases e conceitos para aplicar no seu dia a dia profissional
- Temas essenciais do marketing e vendas revisitados
- Insights exclusivos compartilhados em três palestras transformadoras
- Tendências e conceitos que vão fazer diferença na sua estratégia
A Inteligência Artificial no Nosso Dia a Dia
A IA deixou de ser novidade ou apenas um termo da moda. Ela se tornou parte fundamental das nossas conversas profissionais, das operações das empresas e das atividades cotidianas. A questão já não é mais "a IA vai nos substituir?", mas sim "o que podemos aprender e como podemos colaborar com essa tecnologia?".
O Encontro Entre Humanos e IA
Christian Rôças, da Flint, trouxe um questionamento provocador durante um painel sobre a colaboração entre humanos e inteligência artificial:
"Quando a média do ser humano passa a ser produzir um filme por dia com a ajuda da IA, qual é o nosso diferencial?"
Ao lado de Janaina Augustin (Gullane) e Renata Decoussau (IBM), o painel concluiu que a maior contribuição da IA foi democratizar a escala e viabilidade para profissionais criativos. Porém, o verdadeiro diferencial humano está em testar, aprender, escutar o público com sensibilidade e transformar essa interação em um diálogo genuinamente criativo.
Uma Relação Simbiótica com a Tecnologia
Neil Redding, da Redding Futures, apresentou uma visão impactante citando Peter Diamandis:
"Até o final da década (2030), haverá 2 tipos de empresas: as que adotaram a IA e as que não existirão mais."
Para Redding, a IA não é uma ameaça invasora, mas uma nova espécie que estabelece uma relação simbiótica com os humanos de colaboração e benefício mútuo. Enquanto ajudamos a tecnologia a evoluir da simples criação de prompts para a co-criação inteligente, ela nos auxilia a desenvolver novas capacidades, explorar possibilidades antes inimagináveis e gerar resultados concretos para os negócios.
O Pensamento Crítico Como Diferencial
Martha Gabriel, uma das palestrantes mais aguardadas do evento, trouxe uma reflexão profunda: estamos "pensando mal". A tecnologia nos fez pensar mais, mas não necessariamente melhor. A aceleração proporcionada pela IA criou um ritmo que muitas vezes não conseguimos acompanhar, levando-nos a terceirizar o próprio ato de pensar.
Para Martha, o verdadeiro risco para os empregos não é a IA em si, mas a falta de adaptabilidade dos profissionais.
"Não é sobre novas profissões, é sobre novos profissionais. Produtividade não é fazer as coisas em menos tempo, mas fazer melhor. Hoje, eu não escrevo livros mais rápido às vezes é até mais devagar, porque penso mais, mas escrevo melhor."
A especialista propôs três caminhos para desenvolver o pensamento crítico:
- Praticar o "ceticismo amável": desenvolver a habilidade de fazer perguntas relevantes constantemente
- Superar os vieses cognitivos: existem cerca de 75 vieses mapeados que influenciam nossas decisões
- Cultivar diversidade, argumentação e repertório: nas equipes e conversas, pois a diversidade alimenta o pensamento crítico
Martha enfatizou que precisamos dedicar tempo e atenção os verdadeiros artigos de luxo do século XXI para pensar sobre decisões, tarefas e estratégias. Assim, a tecnologia potencializa nossas capacidades ao invés de criar dependência.
Temas Fundamentais Revisitados
A Revolução Científica do Marketing
Guta Tolmasquim, CEO da Purple Metrics, apresentou uma abordagem científica para o marketing, baseada em testar, errar e descobrir o que realmente funciona.
Para ela, esse despertar para o método científico no marketing é como uma revolução de primavera: orgânica, gradual e contagiante.
"A revolução científica do marketing é uma revolução por liberdade."
Experiência do Cliente em Momentos de Crise
Rita Midori, especialista em CX, destacou que o verdadeiro nível da experiência do cliente se revela nos momentos de crise:
"Se um cliente teve uma experiência ruim e, mesmo assim, ficou, faça tudo por esse cliente porque ele realmente tem conexão com sua marca."
Ela propôs três passos essenciais usando o acrônimo VOC (Voice Of the Customer):
- Velocidade: agilidade no primeiro contato, mostrando disponibilidade
- Ordem: priorizar o que é importante para o cliente naquele momento
- Clareza: comunicação objetiva, alinhando todos os pontos e próximos passos
"Escutar é o ponto de virada da experiência."
Vendas que Realmente Funcionam
Frank Cespedes, professor doutor da Harvard Business School, trouxe insights valiosos sobre o que diferencia empresas de sucesso no campo das vendas.
Segundo o professor, o diferencial está na habilidade de diferenciar, entender e atender diversos perfis de clientes. O sucesso começa em conhecer para quem realmente vendemos, não para quem aspiramos vender.
Cespedes apresentou uma nova visão sobre produtividade em vendas, que vai além do número de ligações ou portas batidas. A verdadeira produtividade é o resultado da capacidade do time, taxa de fechamentos e lucros gerados.
Para aumentar a capacidade do time:
- Mais ligações com mais tempo de qualidade = melhor geração de leads
- Foco em tarefas, prospects e pessoas de alto impacto
Para aumentar a taxa de fechamento:
- Melhores oportunidades e critérios de seleção (lead scoring)
- Gerenciamento aprimorado de contas e parceiros com reports integrados
Para aumentar os lucros:
- Otimização de precificação, mix de produtos e vendas por cliente
- Redução de custos e eficiência nos processos internos
- Gerenciamento estratégico do ciclo de performance de vendas
Brandformance e a Economia dos Criadores
Sarah Buchwitz, conselheira do Grupo Flow, definiu que se o brandformance (marketing que une relevância e resultado) é a teoria, a creator economy é onde ele acontece na prática.
Essa força está baseada em três pilares fundamentais: comunidade, criatividade e consistência.
"Relevância, resultado, engajamento? Os creators têm isso naturalmente. Hoje, 73% da GenZ e 68% dos millennials buscam a opinião de creators antes de comprar qualquer coisa."
O novo consumidor busca personalização com experiência, velocidade com eficiência, e transparência com diálogo. Por isso, o marketing precisa de uma transformação:
- De volume para conexão
- De interrupção para relevância
- De vender para conversar
Transformação Digital Centrada em Pessoas
Guilherme Oliveira apresentou uma fórmula simples mas poderosa para transformação digital: 80% pessoas e 20% tecnologia.
"Não adianta investir em tecnologia se não investir em pessoas que saibam utilizá-la."
Ele mapeou cinco estágios da maturidade em dados:
- Intuitivo: decisões baseadas no "eu acho"
- Reativo: começa a usar dados, implementa CRM
- Analítico: combina planilhas com intuição
- Data-driven: analisa dados para tomar decisões
- Preditivo: análise com inteligência humana ou artificial para insights de médio e longo prazo
A verdadeira transformação digital é sobre pessoas que aprendem e evoluem com os dados.
Branding na Era da IA
Beatriz Guarezi trouxe uma perspectiva atualizada sobre branding num cenário onde as pessoas interagem cada vez mais com IA para tomar decisões de compra.
A pergunta mudou de "qual a melhor opção?" para "qual a melhor opção para mim?".
"As IAs falam sobre marcas porque outras pessoas falaram sobre elas. Então, talvez influenciar a IA não seja tão mais difícil do que influenciar pessoas."
O papel do branding nesse novo contexto é criar lugares de identificação e pertencimento entre o real e o virtual. O verdadeiro poder das marcas continua sendo a possibilidade de influenciar.
Tendências Para 2026
Priscilla Seripieri, da WGSN Mindset, apresentou as previsões para o marketing em 2026, indo além da tecnologia mais comentada do momento.
Segundo a executiva, 2026 será um ano de redirecionamento, marcado por polarizações e dualidades. Embora até 96% do conteúdo digital seja gerado por IA no futuro, esse movimento tem gerado saturação nos consumidores ao invés de conexão genuína.
Tendências e recomendações para 2026:
- Investir na construção de mundos lúdicos oferecendo "microalegrias" em espaços de compartilhamento
- Facilitar a polinização das marcas, alimentando fandoms e comunidades
- Recriar narrativas com nostalgia e reinventar tradições
- Investir no apelo sensorial: 82% dos consumidores globais esperam que múltiplos sentidos sejam ativados ao experimentar produtos
- Trazer criatividade intencional, usando tecnologia com qualidade ao invés de quantidade
Três Palestras Transformadoras
Performance Baseada em Dados, Não em Acaso
Eric Porto apresentou uma palestra repleta de dados e insights sobre como transformar informações em resultados reais.
O problema atual das empresas não é a falta de dados, mas a falta de compreensão sobre eles. Dados não são ciência exata se fossem, todas as empresas performariam igualmente bem.
"Quem só reporta o que aconteceu não toma decisões e um bom analista de dados precisa tomar decisões."
Eric apresentou um ciclo com cinco passos para análise eficaz:
1. Sinal: escolher as métricas relevantes de acordo com o objetivo do negócio
2. Padrões: sem dimensão, todo número vira opinião. A análise evolutiva permite enxergar tendências
3. Tendência: construção de discurso para uma provável direção e contexto
4. Hipóteses: o objetivo da análise é definir hipóteses baseadas em argumentos lógicos
"Se você realiza análises e tira conclusões, você está errado."
Para Eric, a análise não é o momento de estar correto, mas de ser hipotético. É nas margens de erro que continuamos evoluindo.
5. Cenários: análise do provável e do possível, seguida de testes e validações
"Se sua análise não está trazendo os próximos passos, você está apenas reportando, e profissionais estratégicos precisam direcionar."
O Funil Morreu: Bem-vindos à Era da Presença Inteligente
Samira Cardoso apresentou um conteúdo revolucionário sobre o fim do funil tradicional de marketing e o início de uma nova era.
O funil funcionou por anos e nos trouxe até aqui, mas hoje simplesmente não funciona mais. A realidade atual mostra que:
- 97% dos esforços do funil tradicional não geram negócio
- Consumidores interagem com mais de 500 pontos de contato digitais antes de uma compra de alto valor
- 73% dos consumidores usam múltiplos canais simultaneamente em sua jornada
Após a era da interrupção e da era da performance, vivemos agora a era da presença inteligente, onde é preciso ser relevante e eficiente em todos os pontos de contato.
Samira apresentou algo inédito: se o funil não funciona mais, o que representa a jornada do consumidor agora é a constelação.
No novo mapa, ao invés de etapas lineares, temos estrelas que formam centros de gravidade:
- Projeção: awareness
- Exploração: consideração
- Ressonância: preferência
- Conquista: decisão
- Conexão: fidelização
Cada centro de gravidade possui KPIs, canais, desafios e desejos específicos, com seis pilares detalhados que vão da estratégia à execução para alta eficiência de marketing.
O Equilíbrio Entre IA e Humanização
Gabriel Bearzi apresentou o ponto de equilíbrio entre inteligência artificial e humanização, definindo expectativas e planos para o futuro dessa relação.
A provocação inicial foi reconhecer que existem áreas onde a IA atua de forma impossível para humanos: prever intenções e padrões de compra, criar em escala e interagir em escala através de chatbots e agentes.
Então, o que continua sendo exclusivamente nosso?
"As IAs libertam o tempo para refletir, experimentar, errar e criar de verdade. E tempo era o que mais faltava para o marketing moderno."
A estratégia é usar esse tempo liberado para gerar o que nenhuma máquina consegue: conexão genuína com o público.
"A inteligência artificial democratiza muita coisa, mas a capacidade humana se conecta com outras pessoas pela emoção."
Dados que trazem esperança na humanização:
- 83% dos consumidores escolhem marcas com base em seus valores
- 70% desejam interações mais humanizadas com as marcas
- 57% aumentariam sua fidelidade a marcas com abordagem mais humanizada
"Entre a razão dos algoritmos e a emoção das histórias, está o coração do marketing. E esse coração é e sempre será humano."
Mais Insights Importantes
Tecnologia com propósito: No painel conduzido por Pedro Bial com Laércio Consentino (TOTVS) e Bruno Camargo (FAIRFAX), foi destacado que vivemos um momento sem precedentes: o casamento da tecnologia com o propósito.
Diversidade como valor inegociável: Eduardo Paiva (Grupo L'Oréal no Brasil), Cintia Santana (Instituto Entre o Céu e a Favela) e Roger Cipó (Cipó Produções Criativas) concordaram que hoje é preciso mais do que incluir é necessário reformatar as empresas para abraçarem a diversidade real do país. Nas palavras de Eduardo: "diversidade são valores e valores são inegociáveis."
Repertório cultural como diferencial competitivo: Potyra de Lavor e Ana Amélia Nunes (IDW) reforçaram a importância de ter pessoas de diferentes culturas trazendo visões reais para cada projeto. No final, quem consegue trazer essa diferenciação vende mais.
A transformação das novelas pelas redes sociais: Chico Barney e Samantha Almeida (Globo) discutiram como as plataformas digitais estão transformando o formato das novelas. Segundo Samantha: "o conhecimento é circular assim como a TV ensinou as redes sociais a fazerem conteúdo, agora as redes ensinam a TV sobre formatos."
O RD Summit 2025 reafirmou que o marketing está em constante evolução, mas alguns princípios permanecem: a importância das pessoas, a necessidade de pensamento crítico, o valor da experiência do cliente e o poder da conexão humana.
A inteligência artificial não é uma ameaça, mas uma aliada que libera tempo para o que realmente importa: criar conexões genuínas, pensar estrategicamente e humanizar as relações entre marcas e consumidores.
O futuro do marketing não é IA versus humano. É IA com o humano, criando juntos uma era de presença inteligente onde tecnologia e humanização caminham lado a lado.
